sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Histórias de avoinha: As Casa do Comércio na Villa 10


Ensaio 35B – 2ª edição 1ª reimpressão


baitasar


O siô Afonso da Hora, lá mesmo, na porta da saída ou da entrada, uma coisa nunca é uma coisa só, assim como gente não é só o qui aparenta sê, fez parada, repasô os óio no salão sem deixá as vista em nenhuma mesa, oiava sem vê, faltava vontade pra despejá os óio com capricho. Depois da vistoria meia-sola, seu feitio de despedida sem saudade, fria e sem dá importância pra freguesia qui ficava, ele repousô as vista em agonia no tabernêro. Aquela vontade de saí chegô dum jeito parecido com fervô, parecia tê duas mão colocada nas costa empurrando sua partida, mais não era as mão do Gaspá, as duas continuava apoiada no balcão, o pano da limpeza higiênica dos copo não tava apoiado nos ombro. Não sabia dizê nem apontá o motivo da incomodação, mais tinha coisa aborrecendo sua vontade de ficá. Repetiu os cumprimento da despedida na direção da paróquia adoçada com a destilada. Acenô pros cativo da casa. Estava nos arremate do seu desempenho nas formalidade do despedimento. Acenô ao tabernêro e anunciô sua saída

Boas noite, meu amigo. Estimo as suas melhoras!

O tabernêro acompanhava o despedimento sem tristeza ou entusiasmo, sem força pra alegramento nem firmeza no entristecimento, ergueu as mão, como se tivesse pra dizê qui nada podia contra a vontade da freguesia, ela é qui manda, sai e entra no seu querê. Enquanto as mão subiu e desceu, o tabernêro deixô as vista na direção do desocupante da casa qui levava com ele os seus segredo de confessionário, foi quando ficô desconfiado com a sua falação descuidada e teve arrependimento dos comentário qui tinha escapado, mais o qui tava feito tava feito, o qui tava dito tava dito, ia tê qui continuá com aquele desassossego, os fingimento e o destemô da assombração qui não assusta, fica arrastando os pé, vagando

Com a graça de Deus, sinhô Afonso da Hora. E para quem parte ou para quem fica, água e benção todo dia venham, o tabernêro gostava de repetí as despedida do siô padre nas dominguêra, sentia abençoando a freguesia. Conhecia a força das palavra e das destilada, quando as duas se juntava tinha mais perigo qui resguardo

Amém, o coro da dominguêra respondia aliviado com a lembrança, uns sem descuidá de fazê a cruz com mais exibição qui otros, mais repetí aquele amém parecia aliviá tudo qui acontecia, a promessa fiel da mentira, um rompante de medo. Como era fácil gritá os desaforo e provocá o banho de sangue dos justicêro e se aliviá com a cruz, invocá o Pai, o Filho e o Espírito qui precisava sê Santo pra suportá tanto egoísmo e gritaria, amém. Gente de formosura, mais deselegante com os desgraçado. O covêro foi o único qui não retrucô, ele parecia sabê onde tudo aquilo acabava. Colocô a mão no bolso e acariciô a fita, gostava de medí com os óio a sua freguesia, cedo ou tarde, ia experimentá dos seus acerto ou desatenção

Até mais ver, replicô o siô da Hora, e saiu. Quando pisô no chão da rua deu um bão suspiro, parecia tê tirado das costa um grande peso morto. Deixô escapá um gemido gelado e cortante, parecido com o vento silencioso saído do rio enfiado em redemoinho nas esquina e nas boca de rua da Villa. Um lugá frio no frio e quente no quente. Ele parecia tê deixado a morte pra trás. Só parecia, ela continuava, lado a lado, pronta pra estendê a mão e ajudá com seu gosto e entusiasmo.

Fazia tempo qui o siô da Hora tava segurando o murmúrio dos intestino, não quis corrê o risco de fazê aclamação descomedida num traque ruidoso, lá dentro, na Casa dos Molhado. O tabernêro, por certo, havia de fazê comentário, não às clara, mais um descuido seu não ia passá desapercebido. Girô as vista na sua volta, quase ninguém na estrada, deixô escapá o gemido de alívio. Com cuidado vigiado, qui tinha nas lembrança da mãe os aviso de cautela com os vento qui se solta embaixo, eles é só um anúncio das coisa porcaria qui tá pra saí. Esfregô as mão de contentamento, teve comedimento e vigilância. E voltô a escorrê as vista no arredó, oiava com gula, interesse velhaco de ganhá mais rendimento, tê mais lucro sem precisá muito esforço. Desenhava a escultura imaginativa da Villa com toda aquela data de chão. As terra não demorava pra tê dono com gosto pelo erguimento das casa de moradia, acontecimento qui as gente da Villa reclamava. Usava as vista com esganação. As mão no bolso só parecia saí pra recebê, nunca se viu elas saí pra pagamento, qualqué qui fosse

É preciso correr atrás desse dinheiro, o siô soltava os pensamento na língua quando misturava os assunto do comércio e o gosto de sê reconhecido, aprovado e bajulado, mostrado pelo dinheiro qui não precisava carregá no bolso, isso não tem preço, isso não tem preço, ficô repetindo enquanto dava os passo sem pressa. Ele sabia da sua importância como ensinamento modelo, o molde do menino pobre qui deu certo, eu consegui, eu cheguei lá. Lembrô qui tinha coisa na vida qui não se compra por falta de preço. Ali mesmo, parado nos calçamento da Villa, prometeu pra ele mesmo

Ainda paro com tudo e faço uma lista com as coisa que não tem preço. É só uma questão de colocar o valor. Não existe o que não se pode comprar. Adoro o comércio, peitar sem a necessidade de carregar o dinheiro no bolso, parô, novamente, no meio do nada, queria lembrá onde andava, não lembro, não lembro, e ali, naquele breve instante, dormiu em pé. Na rua. Não conseguia acordá daquele sonho sem sono, as vista aberta oiava a estrada, mais não reconhecia o caminho. Ficô assustado qui morrê pode sê isso, tá nos lugá e não sabê qui tá

Ninguém por perto? Eu me perdi? Para onde estava indo?

Inté qui atinô

Estou na rua da praia, o fedor de peixe, a aragem fria, o barulho das águas, lembrô qui aquela rua precisava levá os seus pé inté o destino tracejado.

Recomeçô o caminhá.

Andô pelo pelourinho, a marca da força dos branco. O lugá conhecido e distinto pra castigá os preto desobediente, os atrevido, os fujão, todos qui merecia ou não merecia castigo. Sentiu vontade de subí os degrau e acariciá as pedra, o tronco, as argola, parecia querê sentí o cheiro da dô. O sangue dos preto e das preta era derramado ali, um lugá qui guardava os choro, as tristeza mais funda e as súplica mais silenciosa. Os gemido qui ficava guardado nas pedra do pelourinho não virava pó, eles pintava lembrança. O siô subiu os dois degrau e passô as mão na pedra, parecia acarinhando o couro preto fatiado pelo cipó. Levô o dedo inté a boca e aprovô o gosto do sangue preto coalhado. Gosto forte, aroma extra forte. Com certeza, otros preto já tava marcado pra conhecê a coluna de pedra. Oiô na volta, sempre qui parava ele oiava, gostava de sabê onde pisava. Estimava aquela movimentação dos barco, o embalo das água, o alvoroço dos embarque e desembarque. Desceu os degrau, fez um último reconhecimento da pedra e uma pequena mesura de apreço, sem oiá pra trás se afastô do monumento. Deu uns dez passo de afastamento e parô, precisô virá as vista na direção da estátua

Não tem muita coisa que eu já não tenha feito, acho que vou querer experimentar o pelourinho.

Seguiu por diante, os passo tinha encontrado o rumo. Tem vez, qui os pé sabe meió os caminho qui a cabeça, as estrada precisa sê caminhada, a cabeça obedece os pé. Passô a ponte do embarque e desmbarque, desviando um qui otro trabaiadô das barcaça. Arredô os pé do beco do Pedro Mandinga. Oiava na frente, nos lado, quando avistô a rua dos Pecados Mortais, quase se desvia do rumo pensado. Os pé entortô, mais a cabeça alertô: se tem vez qui ela obedece, tem otras vez, qui o caminho carece sê calculado com cisma e reverência, coisa qui ela faz meió qui os pé. Sabia qui devia uma visitinha pra sua amiga Maria Cobra. As vontade intentada na cabeça fez latejá os capricho da hombridade. Oiô pros lado da casa meritória, as luz do lampião amarelando a vizinhança. Os moço e os antigo, qui ainda não era obsoleto, entrava e saia. As moça havia de esperá. Ele, também. As menina não dorme cedo nem é de duvidá qui elas fica toda noite sem fechá as vista

Na volta, meninas... ocês fazem uma graça que acorda a mais despreparada ou desencantada das visitas, mais não podia, sem motivo de muita importância, deixá de aparecê na reunião da Irmandade. Não era hora das desculpa esfarrapada, nem desmerecê o convite aceito, gosto de ouvir os enredos que as meninas inventam, é bom compartilhar as loucuras, ficar louco, depravado, desprotegido nas mãos de ocês.

Armô as perna com coragem pra enfrentá a subida inté a Crista da Colina. Cuidava pra não destorreá as bosta das besta de carga no caminho pisado. As rua da beirada da praia não contava com os fundo de dinheiro da municipalidade pro calçamento. Esses recurso era usado nos caminho dos esnobe. Lugá povoado com as família requintada qui se adonô do qui pode e quis, desde a sua chegada, bem antes dos colono do Império

Acho que vou subir pelo beco do Fanha, nos pensamento qui tinha, nos passo qui dava, um qui otro caminhadô borboleteava nas rua, não vejo nenhuma alma viva perambulando, além desses coitados, mais se soubesse oiá, ia vê as alma morta vadiando, desencontrada dos próprio caminho, um embruxamento de encosto. Não sabia vê com as vista da morte, tinha mais jeito de vê como fazê dinheiro. Não tinha querê em colocá as vista na morte. Seguiu em frente.

A Botica do Juca Curadô ficava no caminho. Passava por lá, agradecia o interesse do boticário ajudá o Gaspá, deixava o aviso da visita do Josino e a necessidade do ungueto pra modo de acalmá as marca do cipó. As pessoa da Villa repetia qui o Juca cuidava de tudo, pra ele não tinha adoecimento sem algum amparo de socorro ou diminuição da dô. A língua do povo conta qui aconteceu na Villa, uns diz qui foi 5, otros afirma qui foi 7, de todo jeito qui se contá, pra subí ou descê a pontuação da conta, teve um qui otro sem amparo pro sofrimento qui o Juca aconselhô o aviamento da desaparição. As benzedêra era chamada, depois as bruxa, sem resultado pra meió, inté qui o adoecido de morte concordava com a conveniência do seu passamento. O cura-tudo cumpria a sua missão de curá, mesmo sem tê sido juramentado. Gostava do qui sabia fazê. Tinha o costume de experimentá os conselho das benzedêra e das bruxa qui ele visitava pra aprendê curá

Boas noites, Juca!

Junto com o palavrório fez mesura discreta de educação, no mesmo modo qui aprendeu oiando os cumprimento pra siá Casta: inclinô a cabeça, segurando o chapéu, levemente

Boas noites, sinhô Afonso da Hora, o boticário fez a mesma referência da cortesia. Não tinha chapéu pra segurá, mais levô a mão inté a testa.


_______________________________

Leia também:


As Casa do Comércio na Villa 9
Ensaio 34B – 2ª edição 1ª reimpressão


As Casa do Comércio na Villa 11
Ensaio 36B – 2ª edição 1ª reimpressão

Nenhum comentário:

Postar um comentário